quarta-feira, 21 de setembro de 2011

um estranho passar


Eu passava as noites imaginando porque não deu certo, porque, sinceramente? Nós tínhamos tanto para dar certo. As lembranças do futuro que nós gostávamos de imaginar ainda me perseguem... eu vejo você entrando pela porta e sentando no sofá da sala e sorrindo enquanto a sua filha te pergunta quem foi o seu primeiro amor e você responde: Ela está na cozinha fazendo macarrão pra gente. Eu me vejo cozinhando o teu macarrão ao molho branco e lavando o pequeno corte que faz o branco dos meus dedos ficarem rubros eu me vejo feliz ao teu lado na vida que a gente sonhou... Sonhou! Trocaria o pequeno ardor na ponta dos dedos por essas feridas recém abertas no meu coração. Trocaria tudo, por você aqui... Abro os olhos e a visão da nossa casa se torna turva e tudo que eu vejo é a parede branca do meu quarto, eu queria ter de novo aquela certeza de que o nosso para sempre não acabaria, mas não sei o que fazer com esse amor, concentro minhas forças em parar de pensar em você e é inútil. Então eu saio do quarto e vou tentar buscar algum ar que não tenha o teu cheiro, mas lá está você, e você está sorrindo e parece feliz, eu quero parecer feliz também, quero fazer parecer que a minha vida também seguiu e assim como você não precisa de mim eu também não preciso de você. eu queria sorrir, mas toda a energia do meu corpo está voltada para eu não cair. E você passa por mim, eu sinto o seu cheiro mais forte, não sinto nenhum membro do meu corpo, e eles não me respondem. Eu forço um sorriso porque a voz teima em não sair e você passa e logo some e eu me sinto como uma estranha para você, uma estranha que ainda guarda todas as suas vontades, e volto para minha casa, e de novo a parede branca cega os meus olhos e eu os fecho e inundo-os de água, e ao abrir novamente eu não consigo pensar em mais nada





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